O “Tempos Modernos” começou bem antes,
em casa. Comecei assistindo ao filme “Grand Hotel”, de Edmund Goulding, 1932,
com Greta Garbo e Joan Crawford. Não sei, senti vontade de assisti-lo e de
alguma maneira ele me ajudou a me transportar para aquela época. Adoro esse
filme. Poderia assistir mil vezes. E toda aquela sensação daquele tempo,
começou a se instalar na minha mente.
Começo a me vestir, e nesse processo percebo
que meu corpo vai tomando partem nesse mundo que pretendo alcançar. Os detalhes
são o que me fascinam. Colocar as meias... Afivelar os sapatos... O gesto se intensifica. Algo acontece.
Quando entramos na Pinacoteca, os
olhares mudam. Quem sou eu? Quem é ela? Quanto tempo faz que já nos
encontramos? Já estivemos ali? Que caminhos nos trouxeram aqui?
As pessoas parecem distantes, numa
outra dimensão. Ouço vozes e elas me dão a ponte para a realidade. Trocamos
olhares e sentimos (percebemos) o que fazer. Gestos lentos, espelho, ou
simplesmente parar e ver o movimento do mundo.
Contemplação. Procuro ver além do que
quer ser visto. Posso olhar com mais precisão. O gesto lento procura chamar a
atenção das pessoas para uma outra realidade. A razão tenta me roubar a calma.
Luto contra isso.
Música no ambiente. Sinto vontade de
dançar, mas não é o momento. É como se eu estivesse num filme. Vejo as cenas,
os cortes, as imagens vão se projetando lentamente. O tempo passa.
Estaremos sentindo
as mesmas coisas?
Jeanice Ferreira
DIA 07 DE ABRIL/2012, NA ABERTURA DA EXPOSIÇÃO “GIGANTES EM
MINIATURA” DE FLÁVIO MEYER, NA PINACOTECA BENEDITO CALIXTO, EM SANTOS/SP