sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Luzes da Cidade

Sala escura. Uma luz tênue revela a orquestra. Ao fundo, uma grande tela branca. Primeiros acordes. Expectativa. A figura de um doce vagabundo surge espalhando risos. O som acompanha o caminhar que vai, aos poucos, revelando a cidade. Flores. O olhar estático parece penetrar o espectador envolto pelo doce aroma que exala da tela. Iluminada.

                                     Tatiana Pacheco






Lausanne (Capitole), 29 de agosto de 2012.


quarta-feira, 25 de julho de 2012

vagas memórias




Existem horas momentos que já não lembro. 
Coisas que eu já me esqueço. 
Aonde se escondem esses fiapos migalhas de pensamentos memórias que um dia foram sagradas pra mim e hoje vagam sem mente pelo infinito?

Jean

domingo, 3 de junho de 2012

Momentos

A rua está tranquila. Estamos em frente à "Associação Commercial de Santos". Os edifícios históricos encontram-se povoados pelo comércio atual. Leio: Thypographia Brasil, Elements. Passado e presente reduzidos a um mesmo espaço. Caminhamos. Flores brancas como pegadas vão deixando seu rastro. O olhar interiorizado é abalado pela passagem de alguém. Os olhos curiosos da criança nos acompanham. Descemos a rua em direção ao porto. Contemplo o mar e repentinamente vislumbro a cena final da "Arca Russa". Hesito. Prefiro me encasular no tempo criado pela imaginação. Permaneço.

                                                                             Tatiana Pacheco


Santos (Bolsa do Café), 14 de abril de 2012.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Rua da Paz





         Caminhos. A rua traz a paz e o caos. Tempo passando. A arquitetura traz lembranças e estórias.

         Casa, paredes e portas. A calçada. Pisar no tempo.

         Sensações se misturam aos pensamentos.

Olhar o céu e ele não têm hora e nem lugar. O tempo pára e não percebemos.

Vozes e sons da cidade se misturam ao silêncio.

Assumo um personagem. Ele chega até mim. Vai e volta.

Sinto que estou longe.

Memória dos objetos.

Até que ponto podemos brincar com o tempo?

Jeanice Ferreira






 INTERVENÇÃO “TEMPOS MODERNOS” NA RUA XV E BOLSA DO CAFÉ EM SANTOS / SP – 14/04/2012

IMPRESSÕES SOBRE A INTERVENÇÃO “TEMPOS MODERNOS”


          O “Tempos Modernos” começou bem antes, em casa. Comecei assistindo ao filme “Grand Hotel”, de Edmund Goulding, 1932, com Greta Garbo e Joan Crawford. Não sei, senti vontade de assisti-lo e de alguma maneira ele me ajudou a me transportar para aquela época. Adoro esse filme. Poderia assistir mil vezes. E toda aquela sensação daquele tempo, começou a se instalar na minha mente.
         Começo a me vestir, e nesse processo percebo que meu corpo vai tomando partem nesse mundo que pretendo alcançar. Os detalhes são o que me fascinam. Colocar as meias... Afivelar os sapatos...  O gesto se intensifica. Algo acontece.
         Quando entramos na Pinacoteca, os olhares mudam. Quem sou eu? Quem é ela? Quanto tempo faz que já nos encontramos? Já estivemos ali? Que caminhos nos trouxeram aqui?
         As pessoas parecem distantes, numa outra dimensão. Ouço vozes e elas me dão a ponte para a realidade. Trocamos olhares e sentimos (percebemos) o que fazer. Gestos lentos, espelho, ou simplesmente parar e ver o movimento do mundo.
         Contemplação. Procuro ver além do que quer ser visto. Posso olhar com mais precisão. O gesto lento procura chamar a atenção das pessoas para uma outra realidade. A razão tenta me roubar a calma. Luto contra isso.
         Música no ambiente. Sinto vontade de dançar, mas não é o momento. É como se eu estivesse num filme. Vejo as cenas, os cortes, as imagens vão se projetando lentamente. O tempo passa. 


Estaremos sentindo as mesmas coisas?

Jeanice Ferreira


DIA 07 DE ABRIL/2012, NA ABERTURA DA EXPOSIÇÃO “GIGANTES EM MINIATURA” DE FLÁVIO MEYER, NA PINACOTECA BENEDITO CALIXTO, EM SANTOS/SP

Transformação



Atravesso o portão. Começo a caminhar mais lentamente. Detenho-me perante a porta. Observo as paredes brancas, os detalhes da construção.  Busco inspiração na tentativa de atingir um outro estado. Sei que é necessário transpor o portal do tempo. Lembro-me de um filme de Wood Allen. Seria essa a busca? À medida que subo as escadas o ruído de vozes se faz presente. Chegam como uma massa sonora mescladas aos sons do piano.  Entro na sala, mas pareço imperceptível. Há certa invisibilidade no mundo contemporâneo que nos protege. Isola? Sigo caminhando. Os gestos são lentos, o olhar contempla o ambiente, mas não encontra outros olhares. Parece que me desloquei no tempo. Ao redor tudo segue igual: os mesmos sons, as mesmas pessoas, a mesma indiferença. Porém, meu corpo parece estar tomado por uma espécie de torpor. Tento me fixar nas fotografias, contudo há uma névoa que tudo embaça. Sigo caminhando. Não sei há quanto tempo estou assim, movendo-me lentamente através da névoa. De repente sinto uma alteração no espaço. Percebo olhares, fotos sendo tiradas, um som mais brando. Alguns rostos se iluminam, as feições tornam-se mais suaves, os olhares mais contemplativos. Transformação.
                                                                                                                                 
 Tatiana Pacheco


Santos (Pinacoteca Benedito Calixto), 07 de Fevereiro de 2012.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A Modernidade

"A complexidade crescente da vida moderna e o ritmo alucinante do século XX encurralam o homem em gigantescas instituições que o ameaçam por todas as formas: política, científica e economicamente. Começamos a sofrer como que um condicionamento da alma, submetidos a sanções e permissões.
Essa matriz a que temos de nos amoldar deve-se à carência de uma concepção cultural. Entramos às cegas numa existência feia e congestionada. Perdemos a noção do belo." 

(Charles Chaplin. Minha Vida.)